domingo, 26 de abril de 2009

Realidade e Subjetividade

A subjetividade parece ser incerta, enquanto a realidade muito exata. O empirismo é reforçado pela experiência, como se o exterior nos aparece como que exato. A lógica matemática parece rejer a força dos corpos, até as emoções, sendo aquelas que não encaixam na aparente lógica que todos procuramos seguir, consideramos como "anomalia" "anormal" "um problema" com certeza, absolutamente.

Já o que é subjetivo enquanto percepção da realidade nos parece incerto, aliás, quase niilista, quando não conseguimos mais responder diante de um fenômeno mental a pergunta: "por que?"; porque daquela escolha e não de outra (?), porque escolhi esse formato mental para expressar um desejo ou qualquer outra coisa interna que se eu tivesse sido criado em outro lugar teria sido diferente, aliás, talvez possamos, com o pensamento social pensar até que o meu desejo foi criado pela minha localidade.

O subjetivo fica legitimado pela localidade? Ou é algo inerente, que as produções humanas são frutos dos mesmos desejos ou outras coisas, que comentamos anteriormente?

Essa é a questão que me peguei hoje, porque me sinto praticamente kantiano quando tento manter a crença no eu e no mundo, fora Deus, para poder me estabelecer e continuar vivendo.

Com certeza sem essas crenças não poderia viver. Pelo menos é essa a impressão.

Aliás, a percepção do subjetivo também é criada pela própria mente, o biológico que precede, mas não determina praticamente nada, (isso é ciências sociais), ou então melhor, as possibilidades do biológico que possibilita o polimorfo perverso se tornar um ser humano, para que possamos refletir algo, tudo isso é criado e modificado conforme localidade.

O subjetivo é o lugar da ausência de valores após o questinamento, a realidade é exata e certa e quando questionada, simplesmente responde: "Vc não vê?? Vc não viu???" porque é exato, é certo, está ali, parece que a única coisa que escapa é a irracionalidade humana que conseguimos também tornar exato, sem dúvidas, quando encontramos algo que questiona nossa racionalidade, chamamos de "patológicos" e pronto: dormimos em paz!

Realmente sinto falta de uma boa noite de sono, gostaria de entender o mundo exatamente, certamente, mas como entendo a realidade como fruto do subjetivo, quase caio num niilismo total tentando desesperadamente me agarrar a alguma coisa real (realidade) para poder me garantir o "por quê" de mais um segundo nesse lugar que não pediu minha opinião pra existir.

E essa tendência depressiva é ressaltada quando penso que faremos falta caso morte, mas por pouco tempo, as pessoas vão esquecer da gente e continuar a viver como antes. É obvio que entendo a razão que isso me atinge psicológicamente, mas a questão é inserir o leitor em possibilidades antes talvez não partilhadas, enfim, permitir que ele adentre outra lógica.

Então, se não a dependência do outro nos mantém vivos, o que podemos considerar?

É complicado, na minha vida pelo menos, a subjetivade X realidade baseia grande parte de minha insônia, depressão e angústia.

Mas ao mesmo tempo de dá possibilidades de reformular o formulado.

Posso fazer coisas que as pessoas não fazem por medo. Medo da reprovação social internalizada.

Me permito à experiência, mas o principal: a entrega.

Esta em qualquer momento, sabendo que nada tem valor, me resta o agora, o passado é irreversível e o futuro incerto, apenas provável, então vou viver.

Como? intensamente. É simples? Não. O que é necessário? Entrega.

Então, me permitindo vivenciar as relações sociais de modo mais intenso e as experiências totalmente empíricas rotineiras de modo único e vivendo pela unicidade e pela única coisa que me é possível alcançar: o presente!

Assim, um ato de tomar café, ou as vezes cozinhar, arrumar a casa, se torna uma experiência fortíssima, com grandes estímulos e com muita paz, alegria, e tristezas quando seu ciclo é rompido por um copo que cai no chão e outras coisas.

E as experiências fortes se tornam entrega total no caso do sexo, por exemplo. Quando se vê oportunidade procura-se uma entrega após a entrega de modo rápido a ponto de que aquele estado letárgico se entre o mais rápido possível.

E de repente, coisas que vc não faria como fantasias, ou até mesmo mecher seu corpo de modos diferentes, com diferentes posições e contato, principalmente, se toram real, e acabo satisfeito porque vivenciei aquele momento com a minha melhor intensidade que poderia ter, dentro das condições que já presenciei na vida. Ironizando, orgasmos múltiplus.

As relações se acabam, porque não se acredita mais nelas, porque os homens são infiéis, e as mulheres também, não tanto quanto os homens, em alguns locais mais tradicionais (falando vulgamente) bem menos. Pesquisas antropológicas afirmam que as pessoas acreditam em fidelidade mas não praticam. Acabou-se religião e da necessidade da monogamia para manutenção das coisas.

Com a análise seguinte não pretendo de maneira alguma concordar com qualquer posição machista ou críticar as análises feministas. Na busca da impossível total imparcialidade, observei um fato que está acontecendo frequentemente ao meu redor, e tento colocar mais claramente possível, sem prejudicar a visão masculina ou feminina na prática, sendo apenas uma solução da ação nos modos de navegação dos gêneros. E como a gente tende depois de toda uma revolução não olhar para as oposições que são criadas para manutenção do feminilismo, e que não destitui a intenção e veracidade do movimento feminista.

A mulher sabe que essa coisa de machismo já era, mas ela muitas vezes se usa da possibilidade e principalmente, da probabilidade do homem tentar fazer as coisas assim (porque ele é interessado na sua manutenção) e tendo noção das probabilidades de ação do homem (isso em relação estritamente hétero), manobra em cima disso. Se passa por Amélia, mas não concretiza o sonho: ela nunca vai se submeter. E ele na tentativa eterna de fazer isso acontecer, paga tudo o que se dispõe para conseguir. Nesta passagem, ela exige tudo o que precisa para sua manutenção de lazer e sexualidade. Ele ganha satisfação e ansiedade, e ela continua no controle da situação.

Obviamente não é caso geral, longe disso, mas é uma coisa que existe mas não procuramos enxergar porque acabamos de sair de uma grande influência feminista que contribuiu para uma sociedade mais justa e ainda o faz.

E outra, a sensação de um provável futuro presente de agonia, prisão e impossiblidade de viver vários amores, por compromisso à um, somado a perda de magia pela rotinização e obrigatoriedade de estar/ser em uma relação, dessenssibilizam e até causam repulsa quando é vivenciada a possibilidade de existência.

Então o conflito subjetivo e real, somado as crises diárias, baseam algumas questões existenciais, mais ainda, faz com que a percepção da realidade total se altere, gerando assim, outro modo de vida, mas que possiblita, graças a Deus (para ser bem brasileiro), uma noite calma, sozinho escutando música, sentido o vento do ventilador, e a sedosidade da cama, tendo a certeza de que isso é tudo o que tenho, o que sinto é tudo que sou.

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