segunda-feira, 14 de julho de 2008

Artigo I

Sociologia LGBT
Gustavo Vargas de Toledo
Graduando em Ciências Sociais, 2º ano, UFMS.
gustavovarga@hotmail.com
A Cantada Gay Sob Perspectiva Hétero
“Segue teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é sombra
De árvores alheias.”*
Cantada [de cantar + ada] Conversa cheia de lábia com que se tenta seduzir ou convencer alguem; cantata (...) (2) Passar uma cantada em. Tentar seduzir, convencer ou engambelar, valendo – se de palavras hábeis; (...)**
Segundo Max Weber, uma ação será socialmente orientada de acordo com seu sentido visado, orientando – se pelo comportamento de outros, seja este passado, presente ou esperado como futuro.***
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Numa noite/ madrugada dessas, conversando com vários amigos/ conhecidos/ nem “fede,nem cheira”, pensando/ razão/ suor/ calafrios/ objetivo/ meta/ prazo no que escrever/ vomitar/ trabalhar/ terapia /auto-masturbação nesse artigo/ texto.
Comecei aquela velha/recente viagem/reflexão antropológica de observação/ estranhamento necessário/ talvez para perceber a rotina/ ausência, a essência do comum/ cotidiano/ entrelinhas/ antinomias.
Não tipo ideal/weber mas médio/ média de pensamentos – não são a mesma coisa – de pensamentos/ divagações/ fútil/ profundo começaram/ já estavam lá a surgir de repente, não mais que. Então veio/ imergiu: “Como você hétero/ macho/ Campo Grande/ bares/ brancos/ noites receberia uma cantada gay/ fag/ boiola?”
Surgiram/ brotaram dois “tipos” - e prestem atenção quando digo “tipos” - ideais/ mentais.
Primeiro os Machões.
Os Machões não aceitam/ conformam com o fato da existência/ ser/ estar/ Aristóteles (tudo começa na Grécia)**** de homossexuais/ fags/ viados na sua frente/ olhos/ mente. Eles não suportam/ toleram sua presença/ ser do ser gay/ diferente/ feliz/ viado. “Ta me estranhando?”. “Olhou pra mim, quer briga”. A violência é um dos artifícios/ maneiras de resolver o “problema”.
O segundo tipo mais complexo/ teia denominei de “Resolvidos”.
Os Resolvidos não estão/ estar?/ imanência genética/ ou ser? preocupados com o fato/ ser mas com a forma/ estar que são /estão (sendo) cantados.
Os inconvenientes.
Três: cantada exposta – momento/local impróprios/ inapropriados – insistência/ insistência.
Serão inapropriações/ inabsorção / incapacidade de incorporação/ introjeção/ falo de rituais/ estilos de vida/ modo de produção capitalista dos modos de se cantar/ paquerar?
Até porque a cantada é permitida/ liberada condicionalmente/ com condições/ com respeito. Mas isso é uma outra/ mesma questão/ será?
O que os incomoda/ perturba/ irrita profundamente/ inconsciente/ superego é o elemento/ fator “vulgaridade”/ não “como” eu quero. Uma exposição excessiva/ demais/ pra quê?/ um viado tem que saber o seu lugar/ quem precisa saber?/ fica na sua, filho da puta/ meu pau não é lixo/ vai se fuder, viadinho/ não quero mais.
Mesmo que não aceitem a cantada/ levem o bolo/ pagou agora come, isso significa/ compreensão/ wirtschaft aumento/ inflação da auto-estima/ auto-imagem/ auto-reflexão.
Agora por que que numa sociedade machista/ chauvinista/ patriarcal/ provinciana/ cú o individualismo/ conformismo generalizado ainda não chegou ao ponto/ momento/ extremo – não querendo determinismo – à um momento de “cada um que cuide de seu corpo”?
Ora, o que é a luta/ batalha/ guerra/ movimento feminista e lgbt senão a luta pelo direito ao próprio corpo?
Só nos resta uma esperança/ momento – gostaria de ser determinista nesse momento – que o individualismo/ conformismo/ indiferença/ próprio umbigo chegue a tal ponto que as pessoas/ seres “humanos” levem essa concepção/ conceito/ existência à sexualidade/ corpo/ gay/ lésbica/ mulher/ aborto/ violência/ Maria da Penha/ Criminalização da homofobia/ ser/ estar/ Husserl e a sociedade PERMITA a AUTO-DEFINIÇÃO/ auto-reflexão / direito de ser/ estar para que cada SER HUMANO possa SER HUMANO, isto é, com suas diferenças e possibilidade de AUTONOMIA enquanto EXISTÊNCIA.

*(Pessoa, Fernando. Quando Fui Outro – Segue o teu destino – coletânea – Rio de Janeiro: Objetivo, 2006. P.-71)
**(Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa – 3ª edição revista e atualizada).
*** (Weber, Max – Economia e Sociedade Vol. 1, P. 13)
**** (A impressão é que se escuta bastante isso no curso de ciências sociais)

Um comentário:

Gi Bertolazo disse...

Boa Tarde, Gu! Eu estava aqui, destrinchando teu blog e relendo seu Artigo I. Lembrei do que pensei no momento que li "por que que numa sociedade machista/ chauvinista/ patriarcal/ provinciana/ cú o individualismo/ conformismo generalizado ainda não chegou ao ponto/ momento/ extremo – não querendo determinismo – à um momento de “cada um que cuide de seu corpo”?"... Esse trecho me chamou muito a atenção. É destoante a preocupação exacerbada com a sexualidade, conduta e moral alheia, vinda de uma sociedade cada vez mais individualista. Vou procurar ler mais a respeito disso. Inclusive, comecei a ler o Bauman ontem, e ele já está pincelando sobre a pós-moderna sociedade individualista. Enfim, este seu artigo poderia ser exposto na semana de CISO, não? Não estou sabendo os detalhes sobre a Semana, mas creio que é uma boa oportunidade de expor suas idéias! ^^

Meu blog não é tão reflexivo quanto o seu (aliás, nem um pouco, heheheh), mas se tiver curiosidade, o endereço é www.gigicangica.blogger.com.br