terça-feira, 30 de setembro de 2008

Síntese de Merleau-Ponty

Síntese do texto “A Crise do Entendimento”, do livro “As aventuras da Dialética”, de Maurice Merleau-Ponty.
Discente: Gustavo Vargas de Toledo
UFMS – 2º ano.

INTRODUÇÃO À SÍNTESE

O objetivo deste trabalho é aliviar a leitura do texto na íntegra, sem este perder seu valor, mas por mero comodismo e exercício para os mais ocupados, que gostariam de ter acesso à este conteúdo e sua carga horária ou mesmo acesso financeiro não permite o acesso à obra global. Assim também dar bases para facilitar e propiciar discussões fecundas para o meio das ciências sociais.
Tendo em vista de que Merleau-Ponty já parte de uma concepção de base bem formatada à respeito da obra na maioria das vezes ele se preocupa com o iniciante, mas em outros momentos para análises mais complexas, pressupõe que o leitor já tenha certo conteúdo sobre a teoria weberiana. Por este, e somente para este fim, eu pessoalmente adicionei certas informações que são: significados de certas palavras que são incomuns, assim como a explicação de certas expressões gregas ou da própria teoria que são necessários o entendimento, a meu ver. Enfim, o único objetivo é auxiliar a compreensão, e quando em um momento do texto o faço em grande escala, especifico como nota pessoal. No mais podem ser vistas interpretações pessoais que não dissociei da apresentação, pois não pretendo fazer aqui um fichamento com as idéias do autor, mas até um esclarecimento de certos pontos que são muito densos teoricamente, onde precisamos fazer um esforço de contextualização da idéia. Tudo isso não impede que o leitor, não compare o texto original com a síntese, retirando tudo o que for mera interpretação não conivente com a teoria weberiana.
Em terceiro e último lugar, não haverá explicitação do início, desenvolvimento e fim, apenas tópicos para deixamos a sensação de fluidez e poética como ocorre no texto original. As idéias são muitas vezes aparentemente jogadas para evitar qualquer interpretação pessoal que possam levar à um equívoco sobre a explanação do autor.

SÍNTESE

Merleau-Ponty começa com o pensamento weberiano com a discussão entre liberdade e verdade. Para ele (Weber), a liberdade e verdade não são direitos divinos por aparecerem em somente algumas culturas, são inacabadas e “não resolvem o mundo confuso de donde surgiram”. Não são da “ordem” da luta, mas não subsistem sem luta.
Onde somos repentinados com a afirmação:

“Weber é um liberal”

“Weber é um liberal”. (p.1) Mas de que tipo? De um tipo novo, não aquele que se considera ingenuamente a “lei das coisas” tentando achar na História um vir-a-ser da mesma numa História que não predestina a sê-lo, mas vendo a verdade como inacabada, não esgota o passado, muito menos o presente, e a característica peculiar da história é ser o lugar natural de violência.
Nossas relações com as ciências social-históricas seguem o mesmo sentido das ciências físicas: forma uma verdade “objetiva”, construindo elementos que nunca se confundem com a coisa em si. O Historiador não pode passar os olhos pelo passado sem lhe dar um sentindo, sem por o relevo do importante e o que não é, sem lhe vetorizar declínios e ascensões, etc. e no real tudo é igualmente real e importante. Como não podemos impedir essa invasão nós criamos uma metodologia que lhe garantam o valor inter-subjetivo e científico, assim o tipo ideal não é a chave da história, mas apenas uma baliza uma referência, que nos permite uma distanciação do que eu penso, o que é, sendo o resto pura interpretação.

“O saber nunca é categórico”

Ele sempre está sujeito a revisões (p.2), até mesmo porque nunca seremos o passado, ele é apenas um espetáculo diante de nós, que precisamos interrogar mas as respostas são infinitas, porque a realidade histórica não esperou elas para existir. No outro oposto: “o presente somos nós”. A suspensão do juízo para o passado não é mais cabível aqui: ele espera nosso consentimento ou recusa, e a suspensão do juízo seria o mesmo que deixá-la ser por conta própria. Mesmo a proximidade com o presente não nos dá acesso a coisa em si, então é a falta de distância que nos leva a ver um só lado.
O mesmo ocorre com saber e prática: o saber multiplica os pontos de vista, por meio de conclusões provisórias, condicionais, a prática por decisões absolutas, parciais, injustificáveis (p.3). Mas como permanecer neste dualismo? É o mesmo dilema do presente versus passado. O passado já foi um presente, sendo o presente uma responsabilidade e o passado um espetáculo, assim como na relação saber com passado e prática com presente, com todas as caracterizações derivativas dessa relação. Como o presente somos nós, e é a gênese do passado, então a história é ação (p.3), e ação, na medida em que é feita é história.
Não se trata aqui reproduzir o que foi vivido, mas reconstituir seu horizonte, objetivar seu sentido, desvendar o contexto “objetivo”, até mesmo os motivos da ação passa pelos tipos “ideais”, então a história é ação no imaginário, ou melhor, o espetáculo que nos damos de uma ação, que vai consultar a história não para saber o que precisamos “querer”, mas para nos mostrar o sentido de nossas ações. Saber e ação são dois pólos de uma existência única. A História tem um objeto estranho: nós mesmos: nossa vida insubstituível, nossa liberdade pré-figurada, arriscada em outras liberdades passadas. Ele não nos dá uma fórmula pronta para ultrapassar esse domínio, seus escritos metodológicos não acompanham o ritmo de sua prática científica.
Então vamos para o o capitalismo e a ética protestante.

“A ética protestante”

O título visa ser adequado já que a importância de Max Weber será redefinir o conceito de materialidade histórica com causas espirituais. (p.29)
Será que a história não é uma série de acontecimentos que acontecem aleatoriamente e cuja verdade está em sursis (suspensão)? Será que a história só se define por existir plenamente com o que vem depois, por depender do futuro? Sendo assim, a intervenção do historiador não é apenas uma tara do conhecimento histórico, mas sendo assim, separando e expondo as próprias intenções do sujeito histórico, a subjetividade lhe é comprometida em nome de uma “objetividade” maior, lhe separando as arbitrariedades, acompanhando nossas mudanças. Por exemplo: a intervenção do historiador na compreensão de elementos relacionais como: o protestantismo e o capitalismo. Primeiro, se faz o recorte. Weber aqui está preocupado não com as diversas formas de capitalismo, como o aventureiro ou o especulativo, mas um capitalismo duradouro, rentável, burocratizado, com contabilidade e organização, recorrendo ao trabalho livre e tendendo para uma economia de mercado.
Da mesma forma o Calvinismo é voltado para aquele dos séc. XVI e XVII, não para os escritos de Calvino, mas no calvinismo como força de mobilização e orientação social naquela época no oeste europeu. Esses dois “indivíduos” históricos são escolhidos pelo historiador por neles transparecer transparecer uma lógica que é a chave de vários outros fatos, mas como ele sabe disso? A rigor, não sabe: ele antecipa certos resultados (p.6) e ela vai se confirmar ou não através da pesquisa.
“Gennus proximum, diffeeentia specifica”
Não são elementos absolutos, não são essências, não se esclarece através da expressão Pitagórica de: “Genus proximum, differentia especifica”, como partindo de uma totalidade para se chegar ao específico, mas do específico para se chegar a uma totalidade que nunca vai ser alcançada plenamente. (Nota pessoal) Não definem como a geometria gênese de um ser ideal, apenas dão uma “ilustração provisória” do ponto de vista escolhido. É a partir de um texto de Franklin que Weber vê a relação entre Calvinismo e Capitalismo, mas ao contrário do pensamento geral, Franklin não transforma o lucro em valor ascético, mas diz que “Deus se serve do ganho para reconduzi-lo à fé”.

“Tempo é dinheiro”

Se se escreve: “tempo é dinheiro”, é porque aprendeu com a tradição puritana que o tempo é preciso e estamos no mundo para testemunhar a glória de Deus a cada instante, pois o útil só pode ser transformado em valor após santificado (p.7). Temos na história vários capitalismos, mas na definição específica para este trabalho só encontramos na Europa ocidental a empresa racional capitalista, talvez porque falta em outros lugares uma santificação do trabalho temporal, e vinculando a transformação da natureza à manifestação da Glória de Deus.
Weber percebe uma distância infinita entre Deus e a criatura (p.8). Por si mesmas elas só merecem a morte eterna, e nada podem fazer sobre sua salvação. Como apenas Deus sabe e decide quem vai ser salvo. Então a insegurança é permanente para o crente que o divide entre segurança sem limites e angústia incondicional. Essa relação com Deus também é transferida para os homens e o mundo. Nada pode se esperar da Igreja que congrega salvos e réprobos, nada o alivia do Decretum Horribile (p.8). O católico vive na Igreja como uma conta corrente que se saca no final da vida, fazendo o balanço do que deve e o que tem, mas no calvinista a solidão é implícita:. a questão de sua salvação é colocada em pauta e permanentemente sem resposta. Ocorre então um desencantamento pelo mundo: a Igreja como espaço de salvação, a magia das amizades, com os outros, com o tempo, ao mesmo tempo, esse encantamento é passado do impossível de Deus e transferido para o mundo que é alcançável e depende de nós: devemos transformar a natureza para melhor expressar a Glória Divina, toda a energia é jogada para a empresa racional, mas não se pode utilizar o dinheiro para o prazer, somente com o necessário. Neste processo de acumulação do capital, demonstra as pessoas que serão mais prováveis de serem salvas, gerando uma rivalidade entre os capitalistas. A empresa adquire um valor e um dever, o trabalho adquire santificação, e valores como trabalho e e riqueza são valorizados, enquanto se desvaloriza a pobreza e desemprego.
Assim o capitalismo materializado e racionalizado pelo Calvinismo vai ter sua lógica própria e não depender mais das motivações calvinistas (p.10): é bem provável que hoje não haja influência deste naquele (ibidem).
Mas para que esse “capitalismo” fosse selecionado, foi necessário uma motivação, do ponto de vista de “vocação”, para que não houvesse apenas em alguns poucos indivíduos, mas em grupos humanos. Weber não apenas integra as causas materiais com causas materiais, mas também renova o conceito de matéria histórica e tal é a filosofia sem dogmatismos (p.11) que se adivinha nas investigações de Weber. Essa descrição típica nada tem de substancial, no que tange à criação de “Indivíduos Históricos”, que na verdade, não preexistem em lugar nenhum, que podem surgir e desaparecer, sem necessariamente ter sido substituído ou destruído, ou até aniquilado internamente (p.12).
Os elementos do capitalismo está presente na arte, no direito, até mesmo na economia, e na junção desses fatores, confirmando-se uns aos outros, forma-se um sistema. Weber pressupõe no capitalismo uma certa técnica de produção, também um governo de direito fundado em regras formais, sem os quais se formariam o capitalismo especulativo ou aventureiro, mas não o da empresa burguesa. O elemento “racionalização” é incentivado e estabelecido com a ajuda do protestantismo enquanto o capitalismo caminha no sentido da técnica e da ciência específica. Não é uma idéia “todo-poderosa, mas mais uma “imaginação da história” (p.13) de elementos que possam se integrar um dia. O discurso histórico só diz “racionalidade” ou “capitalismo” quando a afinidade dos produtos da manifestação histórica se tornou manifesta. Mas a história não trabalha com um modelo: ela é justamente o advento do “sentido” (ibidem).
Estes não lhe têm o conteúdo internos necessários para sua existência, mas o encontra nos múltiplos elementos advindo de vários lugares que devem se confirmar e formar um todo num sentido que lhes seja comum. Neste caso, pelos indivíuos escolhidos a ascese mundana, na formulação calvinista é finalizada pelo capitalismo, em duas razões: porque é realizada, ela é atividade no mundo e é destruída enquanto ascese, porque o capitalismo trabalha no sentido de destruir todo seu transcendentalismo.

“Afinidades eletivas”

“Afinidades eletivas” (p.14), são elementos de uma totalidade histórica que se elegem mutuamente, que nós devemos intuir na pesquisa histórica, e depois da elucidação de suas relações é que se pode dizer até aonde ou quais mais fatores foram importantes para sua eleição. É uma relação flexível e reversível: nada impede que um contenha e mantenha elementos do outro, se modifiquem, por serem instituições de relação homem com homem. O passado é nosso, e nós somos dele, ou seja, não podemos refutá-lo nem deixa-lo de dizer o que fomos nós e os nossos. Não há no passado mistificações que não foram pressentidos pelos nossos contemporâneos e não podemos olhar para o passado sem concordá-lo ou refutá-lo. Temos direito igual de julgar o passado ou o presente. Aliás, ele se antecipa às nossas sentenças: ele julgou-se a si mesmo; vivido por homens, ele introduziu na história valores.
A objetividade exige tão somente que confrontemos o passado com seus próprios critérios, conciliando história julgadora e objetiva convocando o passado para testemunhar sobre si mesmo (p.16). A História só serve de espetáculo pra quem se disponibiliza a encontrar todas as soluções possíveis, que se dispõe a enxergá-las. Weber dizia: “A verdade é o que quer valer para todos aquelem que querem a verdade”, supõe-se a si mesmo no que reconstrói: não é um vício de pensamento, mas postulado de qualquer pensamento histórico. Weber entra nele conscientemente (p.17).

Atribuição de sentido

“O cultural é um segmento finito, recortado no infinito do acontecimento-mundo – que carece de sentido – e investido, pelo homem, de sentido, de significação... A condição transcendental de toda ciência do cultural não consiste em validar esta ou aquela cultura, mas no fato de que somos “homens de cultura”, dotados da capacidade de tomar conscientemente posição a respeito do mundo e atribuir-lhe um sentido. Seja esse sentido qual for, o resultado é que, na vida, recortamos certos fenômenos da coexistência humana para julgá-los e tomarmos posição (positiva ou negativamente) a respeito deles, como significativos.” (p.18) Não há respeito maior, objetividade mais profunda do que essa pretensão de apanhar água da mesma fonte onde a história nasce (ibidem). Ela não é um Deus exterior, uma razão escondida de onde apenas podemos apanhar as conclusões. O fato é metafísico: a nossa vida desenrola dentro e fora de nós.
O capitalismo é como uma concha que o animal religioso escolheu para habitar e que sobrevive a ele. “Ninguém sabe ainda quem, no futuro, habitará essa concha, e se, ao término desse desenvolvimento prodigioso, haverá novos profetas ou vigoroso renascimento de todos os pensamentos, de todos os ideais, ou, por fim, caso nada disso aconteça, a petrificação pelo mecanismo, oculta sob uma espécie de importância ansiosa. Nesta hipótese, para os 'últimos homens' desse desenvolvimento cultural, a palavra poderia se tornar verdadeira: especialistas sem espírito, homens de prazer sem coração, esse nada imagina ter-se elevado a um nível de humanidade jamais atingido até então.”. Portanto a fenomenologia de Weber é diferente da de Hegel por não desembocar num saber absoluto: o movimento histórico desemboca sobre si mesmo para tentar apreender-se, sempre com novas formulações, tentando dominar-se, fazer-se razão tampouco tem qualquer garantia, comportando fatos dialéticos, significações esboçadas, não um raciocínio ordenado.
As épocas históricas se deixam agrupar em torno de uma interrogação sobre a possibilidade do homem, para qual cada uma dá sua fórmula, e não tem torno de uma solução imanente cuja manifestação seria a história. Só se reconcilia teoria e prática quando o conhecimento histórico beneficiem as opções práticas.

“Weber não é um revolucionário”

Weber não é revolucionário (p.23). Escreve que o marxismo é “o caso mais importante de construção de tipos ideais” e que todos aqueles que fizeram uso de seus conceitos sabem o quanto são frutíferos, desde que tomando como “sentido” o que Marx toma como “forças”, o que não é compatível nem com a prática, nem com a teoria marxista. Como o materialismo histórico, o marxismo é uma explicação causal pela economia, e na sua prática revolucionária, Weber nunca vê aparecer a escolha fundamental do proletariado, então julga os movimentos revolucionários após 1918 na Alemanha como um grande burguês (ibidem). É contra a revolução porque não vê nesta uma revolução, isto é, criação de um conjunto histórico, descreve-a essencialmente como uma ditadura militar e, no restante, como um carnaval de intelectuais fantasiados de homens políticos.
Raymond Aron vai colocar a política de Weber como a de Alain: uma “política do entendimento” (p.24). Só que de Alain até Weber o conhecimento aprendeu a duvidar de si mesmo, porque Alain partia de uma política um tanto estreita: fazer o que é justo sem pensar nas conseqüências e quando chegamos numa situação limite esse pensamento se emudece, sendo ora revolta, ora submissão, contrariando os seus princípios. Weber, por sua vez, sabia que só funciona em certos pontos críticos, e conscientemente, atribui-lhe a possibilidade de manter a história na zona fora das antinomias: numa história de racionalidade, não podemos mais dizer que esta forma é superior à outra chamando-a de absurda ou mesmo de tê-los superado (ibidem).
Diz também que qualquer política, seja democracia ou não, é violenta (p.25). O liberalismo de Weber reconhece o direito de seus adversários, não consente em odiá-los, nem recusa em enfrentá-los contando apenas com as contradições deles e com a discussão que as revela. Não quer colocar o pacifismo, comunismo ou o nacionalismo, que ele rejeita, não renuncia a compreendê-los e é contra a discriminação política, diz, por exemplo, que as opiniões anarquistas preparam um cientista para ver um aspecto da história que, sem elas, permaneceria ignorado, rejeitando em seu ensino tudo que pode servir à uma causa ou por sua pessoa em evidência, era a favor do posicionamento político dos professores fora da cátedra, não utilizando o ensino como propaganda partidária. Conclui-se “a liberdade não se torna ponto de honra de uma repressão” (p.26).

“É preciso ultrapassar a alternativa”

Não se contentou em opor “valores” e a “eficácia”, coração e responsabilidade, mas tentou mostrar como é preciso ultrapassar a alternativa (ibidem). O gosto pela violência, diz ele, é uma fraqueza secreta.
Por ter tomado distância de si mesmo e do sucesso, não se compraz (satisfaz) em suas intenções e não aceita sem discussão o juízo de valor alheio. Sua ação é uma “obra”, ou seja, a devoção a uma coisa que se desenvolve fora dele, ela tem um poder de adesão que falta aos empreendimentos da vaidade por sua proximidade. Essa “falta de distanciamento” em relação a si, às coisas e aos outros é a doença profissional dos meios acadêmicos e dos intelectuais. Neles a ação é apenas uma fuga de si, um modo decadente de amor-próprio. Ao contrário, o político, tendo aceitado “carregar a irracionalidade do mundo”, é paciente quando preciso e intratável quando preciso, visando eficiência e coerência de seu próprio sentido (p.27). Não se comove com a moral do coração que responsabiliza o mundo “besta e comum” respondendo: “declino das responsabilidades das conseqüências”, vê-se isso em fanfarrões em noventa por cento dos casos, que se iludem com romantismos. Admira-o mais o político maduro, novo ou jovem, que assume a responsabilidade e diz: “Paro por aqui, não posso fazer de outra maneira” (p.28), sendo assim, moral do coração e moral da responsabilidade não são opostos absolutos, mas complementares, que só se reúnem no homem de vocação política.
Weber nos ensina que se a história não tem um sentido como um rio, mas sentido que nos ensina não “verdades”, mas erros a evitar; se a prática não se deduz de uma filosofia dogmática da história, não é superficial fundar uma política com base na análise do homem político. Podemos olhar o presente, achar outras “afinidades eletivas” que escaparam ao olhar de Weber, mas o que definitivamente ele mostrou é que uma filosofia da história que não seja um “romance histórico” não rompe com o círculo do saber e da realidade, mas é a mediação deste círculo (p. 29).

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