segunda-feira, 3 de agosto de 2009

É complicado...

Eu gostaria que minha família aceitasse o fato de eu ser gay, e também tenho problemas para lidar com a agressividade alheia.

Interiorizo minha agressividade pois minha família me ensinou a calar a boca e me sentir culpado pelas ações que fizer.

Enfim, foi uma forma de controle social imposto.

Infelizmente, hoje, se alguém olha feio para mim eu fico tremendo, não sabendo o que fazer, paraliso, me tornando vítima em muitas situações, e o pior, vivendo constantemente com os fantasmas na minha cabeça.

O tempo todo atordoado por pessoas que não existem, e se existem não fazem praticamente nada daquilo que imagino que pensem.

Hoje tento me sustentar com o que faço, e é terrível, meu ambiente de trabalho é extremamente hostil, pois trabalho com pessoas e alcool.

Realmente fico torcendo muitas vezes para ter uma doença fatal, algo que eu possa me arrepender antes de morrer, para que não precise me suicidar.

Minha família é um poço de hipocrisia, meus pais me querem bem e longe das vistas, para que não vejam aquilo que não querem ver, é um amor condicional.

O único amor que recebo da família é em formato de dinheiro, algum para que não fique sem casa ou coisa do tipo.

Realmente, minha esperança é um dia eu ter coragem de apertar o gatilho.

Tenho nojo dessa sociedade homofóbica e violenta.
Tenho esperança de que qualquer outro lugar menos provinciano seja mais tranquilo de se viver.
Mas não tenho coragem de fazer algo do tipo, por medo de não conseguir.

Sim, senhores, minha mãe com alvará de meu pai conseguiram gerar filhos inseguros e inaptos para a vida, mas o que é antagônico é que temos que sair uma hora, quem não sai vive em tormento e o curioso: quem sai também.

Os fantasmas de uma criação autoritária e extremamente impositiva parecem ser permanentes.

Minha esperança é um dia ter coragem de puxar o gatilho.

É difícil assumir, mas ficaria muito feliz internamente se tivesse que morrer, pois aí falaria tudo o que tenho pra dizer, e sem poder voltar atrás.

E parece que quanto tempo mais passa a única conclusão possível do sofrimento é a morte.

Minha esperança...

sábado, 6 de junho de 2009

Sobre a vida

Teoricamente, nada existe sem a minha concessão.

Legitimação em Weber, inconsciente intencional em Freud, fenomenologia em peso.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Humor

O humor está localizado no irracional. No racional está o que te puxa para o chão, o frio, o seco, a realidade posta a frente, que necessita de métodos lógicos exatos e compatíveis com a realidade, de modo que seja universalmente entendido e visto como mais uma visão da realidade.

Então no irracional, através de lógicas racionais, de premissa + premissa = conclusão, assim como uso de métodos dedutivos e indutivos de modo criativo, mas criado a partir do irracional, do que não existe, do irreal. Mas o irracional se confunde com o racional; seria uma versão hegeliana de realidade.

Versão que Weber no caso não discorda, mas afirma que o carisma antiautoritário leva logicamente à quebra da lógica de poder, gerando uma racionalização, à uma racionalidade.

Então através da racionalidade do humor, que é baseada no irracional, chegamos ao desvendamento do racional habitual, que antes estava cortinado pelas óticas de poder.

Creio que está ae o poder e a importância do humor para a liberdade, para o livre pensar, na minha visão de mundo, logicamente, esses postulados levam à uma vida melhor.

domingo, 24 de maio de 2009

A culpa me gerou uma imagem infantil pessoal de personalidade fraca, evidência de uma criação punitiva e culpada, gerando humilhação e um subjetivo deturpado, pervertido. A imagem se restaura pela consciência do eu, quando percebo a gordura como tentativa de compensar o ser pequeno, frágil, interior. Então assim, sou homem grande e forte, imponente, sendo morador de um Estado de Direito, ciente de estar cumprindo com o dever cidadão de exigir direitos, já que cumpro meus deveres. Assim, me vejo um conservador, mas ao mesmo tempo um menino querendo e virando homem.

Não podemos separar o social do psicológico.
A minha incerteza das infinitas possibilidades do futuro são vencidas pela certeza do eu e da positividade projetada e desejada conscientemente para o próximo.

sábado, 16 de maio de 2009

Sabedoria popular...

Sobre a legitimação e a responsabilidade pessoal como formas de resistência à coerção social para reafirmação do indivíduo e a inserção de seu pensamento no complexo intersubjetivo local ao seu redor, há uma afirmação popular que responsabiliza o indivíduo de suas ações:

"Passarinho que come pedra sabe o cu que tem..."

(Nota da Lorena: "Cu não leva acento, mas é o assento que leva o cu")

domingo, 26 de abril de 2009

Realidade e Subjetividade

A subjetividade parece ser incerta, enquanto a realidade muito exata. O empirismo é reforçado pela experiência, como se o exterior nos aparece como que exato. A lógica matemática parece rejer a força dos corpos, até as emoções, sendo aquelas que não encaixam na aparente lógica que todos procuramos seguir, consideramos como "anomalia" "anormal" "um problema" com certeza, absolutamente.

Já o que é subjetivo enquanto percepção da realidade nos parece incerto, aliás, quase niilista, quando não conseguimos mais responder diante de um fenômeno mental a pergunta: "por que?"; porque daquela escolha e não de outra (?), porque escolhi esse formato mental para expressar um desejo ou qualquer outra coisa interna que se eu tivesse sido criado em outro lugar teria sido diferente, aliás, talvez possamos, com o pensamento social pensar até que o meu desejo foi criado pela minha localidade.

O subjetivo fica legitimado pela localidade? Ou é algo inerente, que as produções humanas são frutos dos mesmos desejos ou outras coisas, que comentamos anteriormente?

Essa é a questão que me peguei hoje, porque me sinto praticamente kantiano quando tento manter a crença no eu e no mundo, fora Deus, para poder me estabelecer e continuar vivendo.

Com certeza sem essas crenças não poderia viver. Pelo menos é essa a impressão.

Aliás, a percepção do subjetivo também é criada pela própria mente, o biológico que precede, mas não determina praticamente nada, (isso é ciências sociais), ou então melhor, as possibilidades do biológico que possibilita o polimorfo perverso se tornar um ser humano, para que possamos refletir algo, tudo isso é criado e modificado conforme localidade.

O subjetivo é o lugar da ausência de valores após o questinamento, a realidade é exata e certa e quando questionada, simplesmente responde: "Vc não vê?? Vc não viu???" porque é exato, é certo, está ali, parece que a única coisa que escapa é a irracionalidade humana que conseguimos também tornar exato, sem dúvidas, quando encontramos algo que questiona nossa racionalidade, chamamos de "patológicos" e pronto: dormimos em paz!

Realmente sinto falta de uma boa noite de sono, gostaria de entender o mundo exatamente, certamente, mas como entendo a realidade como fruto do subjetivo, quase caio num niilismo total tentando desesperadamente me agarrar a alguma coisa real (realidade) para poder me garantir o "por quê" de mais um segundo nesse lugar que não pediu minha opinião pra existir.

E essa tendência depressiva é ressaltada quando penso que faremos falta caso morte, mas por pouco tempo, as pessoas vão esquecer da gente e continuar a viver como antes. É obvio que entendo a razão que isso me atinge psicológicamente, mas a questão é inserir o leitor em possibilidades antes talvez não partilhadas, enfim, permitir que ele adentre outra lógica.

Então, se não a dependência do outro nos mantém vivos, o que podemos considerar?

É complicado, na minha vida pelo menos, a subjetivade X realidade baseia grande parte de minha insônia, depressão e angústia.

Mas ao mesmo tempo de dá possibilidades de reformular o formulado.

Posso fazer coisas que as pessoas não fazem por medo. Medo da reprovação social internalizada.

Me permito à experiência, mas o principal: a entrega.

Esta em qualquer momento, sabendo que nada tem valor, me resta o agora, o passado é irreversível e o futuro incerto, apenas provável, então vou viver.

Como? intensamente. É simples? Não. O que é necessário? Entrega.

Então, me permitindo vivenciar as relações sociais de modo mais intenso e as experiências totalmente empíricas rotineiras de modo único e vivendo pela unicidade e pela única coisa que me é possível alcançar: o presente!

Assim, um ato de tomar café, ou as vezes cozinhar, arrumar a casa, se torna uma experiência fortíssima, com grandes estímulos e com muita paz, alegria, e tristezas quando seu ciclo é rompido por um copo que cai no chão e outras coisas.

E as experiências fortes se tornam entrega total no caso do sexo, por exemplo. Quando se vê oportunidade procura-se uma entrega após a entrega de modo rápido a ponto de que aquele estado letárgico se entre o mais rápido possível.

E de repente, coisas que vc não faria como fantasias, ou até mesmo mecher seu corpo de modos diferentes, com diferentes posições e contato, principalmente, se toram real, e acabo satisfeito porque vivenciei aquele momento com a minha melhor intensidade que poderia ter, dentro das condições que já presenciei na vida. Ironizando, orgasmos múltiplus.

As relações se acabam, porque não se acredita mais nelas, porque os homens são infiéis, e as mulheres também, não tanto quanto os homens, em alguns locais mais tradicionais (falando vulgamente) bem menos. Pesquisas antropológicas afirmam que as pessoas acreditam em fidelidade mas não praticam. Acabou-se religião e da necessidade da monogamia para manutenção das coisas.

Com a análise seguinte não pretendo de maneira alguma concordar com qualquer posição machista ou críticar as análises feministas. Na busca da impossível total imparcialidade, observei um fato que está acontecendo frequentemente ao meu redor, e tento colocar mais claramente possível, sem prejudicar a visão masculina ou feminina na prática, sendo apenas uma solução da ação nos modos de navegação dos gêneros. E como a gente tende depois de toda uma revolução não olhar para as oposições que são criadas para manutenção do feminilismo, e que não destitui a intenção e veracidade do movimento feminista.

A mulher sabe que essa coisa de machismo já era, mas ela muitas vezes se usa da possibilidade e principalmente, da probabilidade do homem tentar fazer as coisas assim (porque ele é interessado na sua manutenção) e tendo noção das probabilidades de ação do homem (isso em relação estritamente hétero), manobra em cima disso. Se passa por Amélia, mas não concretiza o sonho: ela nunca vai se submeter. E ele na tentativa eterna de fazer isso acontecer, paga tudo o que se dispõe para conseguir. Nesta passagem, ela exige tudo o que precisa para sua manutenção de lazer e sexualidade. Ele ganha satisfação e ansiedade, e ela continua no controle da situação.

Obviamente não é caso geral, longe disso, mas é uma coisa que existe mas não procuramos enxergar porque acabamos de sair de uma grande influência feminista que contribuiu para uma sociedade mais justa e ainda o faz.

E outra, a sensação de um provável futuro presente de agonia, prisão e impossiblidade de viver vários amores, por compromisso à um, somado a perda de magia pela rotinização e obrigatoriedade de estar/ser em uma relação, dessenssibilizam e até causam repulsa quando é vivenciada a possibilidade de existência.

Então o conflito subjetivo e real, somado as crises diárias, baseam algumas questões existenciais, mais ainda, faz com que a percepção da realidade total se altere, gerando assim, outro modo de vida, mas que possiblita, graças a Deus (para ser bem brasileiro), uma noite calma, sozinho escutando música, sentido o vento do ventilador, e a sedosidade da cama, tendo a certeza de que isso é tudo o que tenho, o que sinto é tudo que sou.